Relato de uma leitora: ''Eu era apenas uma criança que carregava nos ombros todo o julgo de uma sociedade''
Aviso de gatilho: estupro.
"Acabei de ler um caso de traição entre cunhados e notei que
em todos os comentários desse caso, todos condenaram a mulher que teve um caso
com o marido da irmã dela. Decidi contar pra vocês um pouco da minha história.
Eu tinha quatorze anos, aliás tinha 1 mês que eu tinha acabado de fazer 14, eu
era virgem e muito ingênua. Minha meia irmã mais velha estava se relacionando
com um homem, ela tinha 28 anos na época ele além de se relacionar com minha irmã
também estava noivo de uma mulher em outra cidade, minha irmã sabia desse
relacionamento dele, mas aceitou ser a "outra".
Um certo
dia esse homem que se relacionava com minha irmã me pediu para fazer um favor
pra ele que era ir com ele até a casa dele e ficar lá na porta esperando a
prima dele chegar pra entregar a ele a chave da casa e enquanto eu esperava lá
de fora a prima dele chegar ele iria resolver algumas coisas e depois me
buscaria e me levaria embora pra minha casa. Eu fui com ele, quando chegamos na
casa dela já tinha gente lá, então eu pedi a ele que me levasse embora, no
trajeto até a minha casa ele pegou outro sentido, quando perguntei a ele onde
ele estava me levando ele disse que me levaria pra conhecer uma Cachoeira. Eu
fui mas eu não tinha nenhuma intenção, eu nem poderia imaginar o que aconteceria
naquele dia. Quando chegamos nessa cachoeira ele começou a mudar o jeito de
falar e me olhar. Percebi que as intenções dele não eram boas.
Ele
começou a me alisar, e eu pedi pra parar e disse que não queria nada, então ele
me agarrou, e ali naquele momento tirou de mim a coisa mais importante que eu
tinha; a minha inocência, a minha virgindade. Depois me bateu. Eu não entendia
direito o que estava acontecendo, eu era muito menina ainda. Ele disse pra mim
não contar nada a ninguém porque se não minha irmã que estava gravida dele iria
sofrer muito. Eu fiquei com medo e confusa, não contei a ninguém, ele continuou
me procurando. Meu pai desconfiou, me interrogou e eu contei pra ele o que
aconteceu, ele me levou até a casa da minha irmã, me obrigou a contar pra ela
tudo o que aconteceu e obrigou ela a me bater, depois que ela me bateu meu pai
me bateu também. Ele me bateu com um facão, me jogou na escada e me chutou
muito, ouvi dele palavras pesadas, puta foi elogio. Não dormi nessa noite. No
outro dia toda a cidade estava sabendo, eu tinha vergonha, muita vergonha. A
única coisa que eu pensava era que eu sou uma vergonha pros meus pais, pra
minha família. Ele falou pra minha irmã que eu havia dado encima dele, o atiçado
e que ele não conseguiu resistir, e minha irmã acreditou nisso, perdoou ele e
até hoje eu e ela não nos falamos. Depois de alguns anos eles separaram, ele
traia ela e também batia nela.
Eu sei que ela sofreu muito, mas eu também sofri.
Nesse tempo ninguém nunca chegou em mim e me deu uma palavra de carinho,
procurou me entender, eu só ouvia palavras pesadas, gente me julgando, me
condenando. Com isso eu concluí que não importa o que aconteça, a mulher sempre
sai com a culpa toda...
Eu era
apenas uma criança que carregava nos ombros todo o julgo de uma sociedade.''
Anônima.
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