Não acredito em hierarquia de opressão,
isto é, que há uma opressão pior que a outra, do contrário eu teria que
acreditar que a opressão x deve ser mais combatida que a y, o que é incoerente
levando em conta o diálogo entre as mais formas de dominação-exploração
existentes.
Acredito que as opressões podem e atingem
os sujeitos de forma a oprimir mais uns que a outros, mas isso quando elas
estão inter-relacionadas diretamente no modo como os sujeitos são lidos
socialmente e integram suas vivências a sociedade. Em outras palavras, racismo
não é pior que machismo, o que é pior é você sofrer não só racismo, mas
machismo também. E pior ainda se você for lésbica, pois sofrerá lesbofobia. E
se for gorda, gordofobia. E pobre? Elitismo! E se tiver deficiência?
Capacitismo! Se for nordestina? Xenofobia. E se...
O recorte é necessário para se reconhecer
privilégios em relação aos outros. Reconhecer privilégios é uma forma de
empatia. Ser privilegiado em uma determinada opressão não quer dizer que você
não sofra com outras e que outras pessoas não tenham privilégios em relação a
você.
Machismo, misoginia, homofobia,
lesbofobia, bifobia, acefobia, panfobia, transfobia, racismo, capacitismo,
elitismo, gordofobia... são opressões e em geral nunca atingem isoladamente os
seres humanos, sabem por quê? Porque somos seres plurais. E é reconhecendo essa
pluralidade que a gente melhor analisa e subverte o que nos afeta
negativamente.
Lizandra Souza.
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Feminismo é a ideia radical de que mulheres são gente!