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LITERATURA FEMINISTA: CRÔNICAS, (MINI)CONTOS, POEMAS, RESENHAS E MAIS!

Por que é problemático assumir que um homem (cis) pode ser feminista?


Dizer que o homem/cis não pode ser feminista é o mesmo que mandá-lo se foder?
É o mesmo que exclui-lo da causa? N-Ã-O.
Me poupem.
Se poupem.
Nos poupem.


Dizer que o homem cisgênero não pode ser feminista NÃO é oprimi-lo/segregá-lo, mas sim impor para ele um lugar de propriedade de FALA e VIVÊNCIA que ele NÃO possui DENTRO do movimento.
Não possui porque ele é privilegiado historicamente na cultura patriarcal sexista machista e misógina. Assim, enquanto homem cis, ele não possui propriedade para protagonizar um movimento que luta contra um sistema que o privilegia enquanto homem-cis porque ele está numa situação de poder na opressão de gênero.
Mas, então, o que faz um homem/cis que supostamente tem empatia pelo feminismo? Ora, ele pode ser PRÓ-feminista. O prefixo "pró" já indica apoio. Apoiar uma luta é diferente de silenciar as protagonistas dessa luta. Protagonista é quem tem VIVÊNCIA daquilo, isto é, quem sofre com a opressão e tem propriedade de fala preferencial, não quem se auto-intitula o "bonzão da história".
Negar o protagonismo da pessoa oprimida é dar voz (e mais poder) ao seu opressor. Se a pessoa oprimida não tiver o direito de ter o direito a própria voz e respeito de vivência em seu movimento de luta, onde mais ela terá? 
O homem/cis, de forma geral, está tão acomodado com seus privilégios de gênero que ele quer impor um lugar de fala/protagonismo até em um movimento - Feminismo - que luta contra um sistema opressor do qual ele é privilegiado e ocupa uma posição de poder.
Em vez de ficar chorando na internet e agredindo verbalmente feministas, o homem/cis que SUPOSTAMENTE sente empatia pelo feminismo a ponto de querer a todo custo ser chamado de feminista ou ter a liderança - protagonismo - do movimento, deveria deixar de mimimi silenciador e usar do espaço social que ele já lidera culturalmente e ajudar a transformar esses espaços em lugares receptivos e empáticos para as ideias e práticas feministas.
O lugar dele no feminismo (militância/protagonismo) é fora.
Sim: FO-RA.
O papel dele tem que ser se desconstruindo e promovendo a desconstrução dos amigos em quaisquer ambientes sociais. E não dando pitaco dentro da nossa luta.



Reclamar protagonismo silenciador os feministOs querem.
Chorar por mais voz - imposição de regra - num movimento que luta contra uma opressão que os privilegiam, os feministOs querem.
Definir e/ou impor questões relativas às pautas e/ou militância para as pessoas oprimidas sobre a opressão que eles enquanto homens cis não vivenciam por estarem numa posição de poder na opressão (de gênero), os feministOs querem.
Mas usar do espaço e voz que eles JÁ TÊM para tornar a sociedade mais receptiva ao feminismo já é vandalismo.


"MAS somos todos humanos e iguais, por que não termos a mesma voz dentro dos movimentos sociais...?"

Somos todos humanos e iguais na hora de ganhar o mesmo salário para fazer a mesma tarefa com a mesma carga horária de trabalho e qualificação profissional?
Somos todos humanos e iguais quando nos rejeitam a determinados cargos por causa do nosso gênero, sexualidade e/ou cor/etnia?
Somos todos humanos e iguais andando na rua à noite?
Somos todos humanos e iguais quando vestimos uma roupa curta? E não nos punem com assédio ou estupros?
Somos todos humanos e iguais quando usamos a nossa liberdade sexual?
Somos todos humanos e iguais quando precisamos lutar por direitos que maiorias privilegiadas já têm?
Somos todos humanos e iguais quando decidimos que não queremos ter filhos?
Somos todos humanos e iguais para a PM?
Somos todos humanos e iguais para a sociedade que historicamente privilegia brancos simplesmente por serem brancos?
Somos todos humanos e iguais para a sociedade que historicamente privilegia homens/cis simplesmente por serem homens/cis?
Não, logo cada movimento deve ser pautado/liderado por quem realmente tem propriedade e vivência de oprimida/o e não por quem ocupa um lugar de poder na opressão.


Lizandra Souza.

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