Era uma vez um
homem que se gabava muito de sua piroca. Era a piroca isso, a piroca
aquilo. Se não chovia no Nordeste, era falta de piroca no clima. Se o
pão queimava, era falta de piroca no padeiro. Se as enchentes invadiam
alguma cidade, era falta de piroca no saneamento... Se as as mulheres iam
às ruas lutar por direitos... aí sim que era falta de piroca mesmo.
Para Piroconildo somente uma coisa poderia
resolver as dificuldades das pessoas: uma piroca. Ou várias. Mas não para
por aí. As coisas que ele achava como sendo boas também estavam relacionadas à
piroca, à presença dela... Seu primeiro emprego, resultado de sua piroca. Sua
cura de uma doença rara, sua piroca e a piroca do médico... Se seu time de
futebol ganhasse um jogo, fora por causa da piroca. Seu sobrinho passou no
vestibular por causa da piroca. Sua tia ganhou na loteria, por causa da
intuição da piroca do marido.
Certo dia, numa rua qualquer, Piroconildo
encontrou uma lâmpada mágica, quando ele passou a piroca na lâmpada, surgiu uma
gênia, Miss Andry. "Oh, homem de sorte, você terá direito a um
pedido, vamos... me diga o que mais você deseja nessa vida?", disse a
gênia. Piroconildo pensou, pensou e pensou... "Eu não preciso de mais
nada nessa vida, minha piroca já é tudo", respondeu Piroconildo a Miss
Andry. "Mas deve ter algo, alguma coisa que você sonhe...",
disse a poderosa gênia, piscando com o olho esquerdo para o homem. "Ah,
já sei, eu quero que minha piroca fique mais visível, para que todos possam
admirá-la... invejá-la... e quero que ela... que ela fique... maior...",
falou. "Seu desejo será concedido, você é um homem de muita sorte, a
partir de hoje você poderá ostentar sua piroca para o mundo", disse a
gênia.
Em seguida, ela mandou Piroconildo fechar
os olhos. O macho, já excitado pela sede de ostentação, obedeceu. Miss
Andry apertou a piroca de Piroconildo, disse a palavra mágica - misandria - e sumiu
do nada, como um relâmpago! Quando Piroconildo abriu os olhos, ele já não
era mais o mesmo. O homem olhou para suas partes íntimas e começou a berrar, a
urrar, a latir, a piar, a rodar que nem uma barata tonta quando viu que sua
piroca não estava mais no lugar...
As pessoas que passaram por aquela rua
dizem que viram um homem correndo nu e com uma piroca no pescoço, como se fosse
um colar...Um enorme colar de piroca!
Lizandra Souza.
Pensei que tinha ido parar na testa!
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