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Mostrando postagens de setembro, 2016

LITERATURA FEMINISTA: CRÔNICAS, (MINI)CONTOS, POEMAS, RESENHAS E MAIS!

Feminismo branco, o que é?

Feminismo Branco é uma expressão que designa o feminismo das feministas (brancas) que não faz recorte de etnicidade, que universaliza o ser-mulher, que ignora os privilégios de etnia/cor das mulheres brancas e que não contempla em suas pautas as dificuldades  específicas que atingem as mulheres negras somente pelo fato de elas serem negras. Não é em si uma vertente (como a interseccional, marxista, negra, indígena etc), pois nas vertentes existem a defesa política de pautas e recortes teóricos específicos e o que ocorre com o ''feminismo branco'' é mais a manifestação de uma estrutura: o racismo e a invisibilização da mulher negra na sociedade, o que não deixou de acontecer nem dentro do movimento feminista. ''Só porque sou branca meu feminismo é branco?'', essa é uma pergunta que tenho lido com certa frequência quando surge essa questão do feminismo branco. Devido a isso deixo abaixo minha posição quanto a isso. Seu feminismo é branco não si

O (não) uso do sutiã e a problematização feminista

A nova onda virtual feminista da vez é problematizar o uso do sutiã sem recorte histórico, social e individual. Por um lado, algumas militantes dizem que ''não usar sutiã é revolucionário'' e que ''a mulher que usa está se prendendo a moldes patriarcais de censura do corpo feminino'', do outro, outras alegam que ''não usar sutiã não é revolucionário ou empoderador'' e que ''só não usa quem tem "peito padrão", quem tem peito pequeno, quem está mais próxima do padrão estético de beleza''. A era do 8 ou 80... Muito pensamento autoritário e extremo/fechado de ambos os lados. Eu vou problematizar o uso do sutiã enquanto objeto criado pra, por exemplo, ''camuflar mamilos femininos'', "dar outra aparência aos seios da mulher", "evitar [algo natural do corpo humano] que os seios caiam".  Mesmo depois de mais de um século de sua existência, ainda há hoje todo um tabu sobre o

Mulher de verdade é aquela que... EXISTE!

Sempre que vejo macho exaltando as "mulheres de verdades" meu globo ocular se contrai e me dá uma pena e vergonha alheia das mulheres que se submetem a isso para agradar macho. Eu não ligo paro o macho, ele que se foda, o que me preocupa são as mulheres que compram isso.  Mulheres reproduzem machismo porque são socializadas a reproduzi-lo, porque desde que nascemos somos inseridas numa sociedade que faz de tudo e usa de vários mecanismos de internalização do machismo em nós. Dos discursos cotidianos as novelas que nós assistimos, das músicas que escutamos aos livros que lemos.  Contudo, nós não somos programadas para sermos sujeitos a-críticos a vida toda, nós podemos reverter nossa realidade, ter a iniciativa de não aceitar o status quo ao invés de nos aliarmos e nos alienarmos por ele. NÃO SOMOS ROBÔS. Determinismo a gente deixa no Naturalismo do séc., XIX.  Mulher de verdade na concepção machiana: submissa, pacata, amélia, abnegada, casta, silenciada, burra,

28 de setembro: dia de ação global da luta pela descriminalização do aborto na América Latina e Caribe

28 de setembro é o dia de ação global da luta pela descriminalização do aborto na América Latina e Caribe. Esse dia foi escolhido por um grupo de mulheres nos anos de 1990, a partir do  5º Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe , na Argentina, para ser destinado a divulgação de ideias sobre os direitos e saúde reprodutiva da mulher, sobre as consequências da criminalização do aborto assim como da descriminalização na vida da mulher, sobretudo da mulher pobre. A necessidade de um dia de luta pela descriminalização do aborto se deu pela pouca visibilidade que o tema tem, tratado como tabu ou assunto destinado a ser discutido por todos (Igreja, Estado, Patriarcado) menos a quem mais interessa de fato: a população feminina, em especial a negra e periférica. Descriminalização do aborto não é só uma questão de gênero, mas também de classe e raça (mulheres brancas ou negras estão mais "vulneráveis" socioeconomicamente?) e de saúde pública. É importante lembrar que

Tem como ser feminista e ser contra a LEGALIZAÇÃO do aborto?

PARA MIM, militante feminista, NÃO tem. É questão de lógica e sororidade! Você pode ser feminista e ser contra o ato do aborto no sentido de que você, independente da sua situação, não faria um. Até aí isso é problema seu, somente seu. Agora, ser feminista e querer impor suas convicções religiosas e/ou filosóficas na vida de outra mulher, limitando suas liberdades fundamentais/individuais sobre o próprio corpo, o mesmo que o patriarcado já faz, NÃO, pois é contraditório. Feminista, de forma mais genérica possível, é a pessoa que luta a favor da EQUIDADE social, política e econômica entre os gêneros. Isso quer dizer que, quem é feminista, quer que homens e mulheres, mulheres e mulheres e homens e homens, além de pessoas não binárias, sejam tratadas socialmente de forma equânime, simétrica. A equidade (igualdade política, justiça e liberdade) não deve ser apenas entre mulheres e homens, mas entre mulheres e mulheres (e homens e homens), pois existem especificidades entre as mulher

Mamilos femininos e censura patriarcal: uma questão de gênero

Mulheres criam biquíni com estampa de mamilos, como forma de protesto Não pretendo, com esse post, incentivar nem obrigar as mulheres a saírem por aí mostrando os mamilos como sinônimo de liberdade sexual/corporal, tão pouco aconselhá-las a deixarem de usar sutiã, pretendo, contudo, levantar questionamentos e reflexões sobre a censura dos mamilos polêmicos vulgo femininos e desnaturalizar alguns dos discursos que a legitimam.    Por que somente na mulher os mamilos são vistos como ''órgãos sexuais" e, por isso, devem ser censurados, enquanto os machos caminham livremente na rua com seus mamilos expostos? É porque os homens não conseguiriam se controlar caso fosse dado o mesmo direito ao uso do próprio corpo às mulheres? Ou seja, é porque o homem não consegue segurar o pau dentro da calça e respeitar o corpo alheio? É porque os mamilos das mulheres passam mensagens sexuais quando eriçam? Ora, mas um mamilo pode eriçar por qualquer coisa, involuntariamente, por

Hierarquia de opressão?

Não acredito em hierarquia de opressão, isto é, que há uma opressão pior que a outra, do contrário eu teria que acreditar que a opressão x deve ser mais combatida que a y, o que é incoerente levando em conta o diálogo entre as mais formas de dominação-exploração existentes.  Acredito que as opressões podem e atingem os sujeitos de forma a oprimir mais uns que a outros, mas isso quando elas estão inter-relacionadas diretamente no modo como os sujeitos são lidos socialmente e integram suas vivências a sociedade. Em outras palavras, racismo não é pior que machismo, o que é pior é você sofrer não só racismo, mas machismo também. E pior ainda se você for lésbica, pois sofrerá lesbofobia. E se for gorda, gordofobia. E pobre? Elitismo! E se tiver deficiência? Capacitismo! Se for nordestina? Xenofobia. E se...  O recorte é necessário para se reconhecer privilégios em relação aos outros. Reconhecer privilégios é uma forma de empatia. Ser privilegiado em uma determinada opressão não qu

Juízo

para ela a culpa para ele a desculpa ela, a puta, que sabia o que fazia, não tem explicação nada de comoção...  quem não a culparia?  ele, o coitado, não sabia o que fazia, tem explicação veja sua situação...  quem não se comoveria?  para ela a condenação para ele o perdão. Lizandra Souza.

Temer

     Alguns temem a morte. Não ter vivido plenamente. Não ter feito as melhores escolhas. Não ter escolhido. Não ter feito o que se queria fazer. Não realizar sonhos. Não ter sonhado o bastante. Ter sonhado demais e não vivido o suficiente, o planejado... Planos? São tantos. Às vezes, tontos. Depende mesmo do ponto de vista de quem vê. Alguns não veem um palmo a frente do nariz. Problema? Quem irá dizer! Solidão, tem quem a tema. Ainda mais quando há a confusão entre solidão e estar sozinho. Tem também quem tema o desamor. Nunca amar e ser amado. Não ter vivido aquela história romantizada nos contos. No final de novela. Tem os que temem as mudanças climáticas, as instabilidades econômicas e políticas, o programa nuclear do Irã e possíveis ciberataques do país. Tem também quem sofra de temores "bobos", entre eles o de voar de avião, o de está em lugares altos, o do escuro, das baratas... Tem quem tema a fome. Tem quem tema comer demais. Tem gente que teme gente. Da gente