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Mostrando postagens de setembro, 2015

LITERATURA FEMINISTA: CRÔNICAS, (MINI)CONTOS, POEMAS, RESENHAS E MAIS!

"É de menino! É de menina!": você contribui para a desigualdade de gênero?

O machismo é um dos pilares do Patriarcado - sistema de dominação-exploração da mulher pelo homem/cis. Tal dominação-exploração é naturalizada socialmente para que, assim, esse sistema de opressão seja sustentado. A educação familiar sexista machista é um dos mecanismos de sustentação da opressão de gênero, pois ela consiste em, desde cedo, ensinar as crianças determinados estereótipos de gênero para fazer com que elas internalizem e aceitem padrões restritivos e opressores que determinam seus comportamentos. Muitas pessoas adultas devem se lembrar de já terem ouvido pelo menos uma vez na vida frases do tipo "boneca não é coisa de menino", "é feio ver menina jogando bola", "menino não brinca de casinha", "menina não senta assim", "menino não chora", "é feio ver menina correndo", entre outros discursos que estimulam comportamentos diferenciados construídos (e não inerentes) para meninas e meninos, os quais contribuem, efe

Aos reacionários: Família não é só aquela formada pela união entre homem e mulher

 Comissão que discute o Estatuto da Família na Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (24) o texto principal de um projeto de lei (PL) que define família como ''a união entre homem e mulher''.  Logo, caso não seja modificado, tal texto/PL reacionário constitui um retrocesso para o país ao deslegitimar a diversidade de modelos de famílias em uma tentativa de "desumanização" de pessoas que fogem dessa héteronorma.  É absurdo em um país supostamente laico e democrático hav er tal proposta preconceituosa, discriminatória, intolerante que exclui, por exemplo, as famílias formadas por mulheres que são mães, mas que estão solteiras, por homens que são pais e que estão solteiros, as famílias em que as avós e os avós cuidam da/es/os netas/es/os, mas que não estão ao lado de alguém do gênero oposto, aos casais gays, aos casais lésbicos, aos casais bissexuais, pansexuais e assexuais (os quais podem estar em relacionamento com pessoas do mesmo gênero). E aind

Cultura não é só o que você gosta

  Cultura não é só o que você gosta e/ou apenas o que é cultuado e elitizado pelas classes sociais privilegiadas. Todo ser humano tem cultura.  Não confunda cultura apenas com gostos pessoais ou classistas/elitistas. Tomando em seu amplo sentido etnográfico [cultura] é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade ( EDWARD BURNETT TYLOR apud CANEDO, 2009).   A expressão " fulano é sem/não tem cultura" é muito problemática. É uma expressão classista-elitista e academicista, pois é geralmente usada para inferiorizar pessoas de classes socioeconômicas baixas, as quais não têm tanto acesso às formas de cultura erudita - ou ainda é usada para atingir negativamente pessoas que NÃO tiveram acesso a um nível médio ou alto de escolarização ou de letramento escolar. Uma coisa sou eu ter acesso a uma manifestação cultural, fazer parte dela e m

AssexuADOS ou AssexuAIS?

 Uma das formas de deslegitimar a orientação sexual de uma pessoa é tratá-la de forma pejorativa, relacioná-la a patologias e também usar termos inadequados para se referir a ela. Assim como usar termos como "homossexualismo" é ofensivo para homossexuais, usar termos como "assexuados" para se referir aos assexuais é igualmente ofensivo, pois se trata de um termo equivocado e que geralmente soa constrangedor. Abaixo explico o motivo.  AssexuADOS são os seres que se reproduzem assexuadamente, isto é, por meio da reprodução assexuada >>> reprodução que ocorre sem a conjugação de material genético, na qual os seres dela originados são denominados clones.  A estrela-do-mar , por exemplo, nem sempre se reproduz sexuadamente (por meio de ovos),  pois  quando ela  perde um de seus braços  nasce outro no lugar e a partir deste braço nasce uma nova estrela-do-mar.  Já os AssexuAIS são os indivíduos que não sentem (ou que só sentem em determinadas circuns

Muito feminista

  Certa vez, um homem, ao tentar me ofender, me chamou de muito feminista. Raivoso, ele berrava: ''Muito feminista, passando dos limites''.  O tempo passou, lotes foram capinados, muros foram levantados, lâmpadas foram trocadas, homens morreram no Titanic ou na guerra, mas eu guardei isso comigo.  ''Muito feminista, passando dos limites".   Até hoje não sei como lhe agradecer tamanho elogio. Lizandra Souza.

Homem-pássaro não passará

  Quase chegando ao supermercado, notei que no meio da rua tinha um homem estranhamente estranho assobiando para mim. Depois de olhar profundamente em seus olhos, eu pisquei para ele.  Na saída do supermercado eu logo o vi sorrindo para mim. Não perdi tempo, fui em sua direção. Quando finalmente me aproximei dele, lhe entreguei alguns pacotes de alpiste. “Pronto! Agora você pode parar de assobiar e de passar vergonha.”, eu disse.   Fui embora e nunca mais o vi nem o ouvi. Lizandra Souza.

Fora literário

  Pretensioso, ele chegou perto de mim cheio de intimidade, nem parecia que estava falando comigo pela primeira vez: - E aí, gata, não sou Casmurro , mas que tal conhecer meu dom ? - Prefiro cem anos de solidão , sair com você deve ser pior que um crime e castigo.   Sem sorriso, sem pretensão, sem mais nenhuma intimidade forçada, ele saiu desconfiado de perto de mim. Lizandra Souza.

Seja feminista Seja heroína

Mulher, luta que a luta é tua. Escuta teu coração Quando ele gritar: revolução. Porque você, Mulher, resiste. Lute como uma mulher. Recuse as falsas histórias. Você é a sua própria heroína. A tua voz é a vitória. Por isso, reivindica. Por isso, revolta-te. A subversão é o caminho Para a revolução. Revolução do corpo, amor. Revolução da alma, Alma-viva, amor. Derrota? Jamais. Não admita Aquilo a que você, Todos os dias, Não se entrega. O sonho também pode ser lindo De olhos abertos. Basta não se calar. Basta lutar. Seja consciente: Desobedeça, Mulher. Não siga a ordem, Quebre o padrão, Destrua o cis-tema, Porque você sabe Quem você é, Por isso, resista ao ódio. Vomite toda sua força Na cultura que te impõe opressões e dores A cada dia. Seja feminista. Seja uma revolução Dentro da revolução. Lizandra Souza.

Não leve a mal, leve a não

Não , moço, Não , Uma palavrinha Feita de três letrinhas: Uma consoante Duas vogais E um til  Que juntinhos Querem te dizer: Não . Pode levar a mal Só não pode entender Que meu não Não seja Outra coisa que NÃO ! Desrespeitar um não É agressão. Entender outra coisa É distorção. Não leve a mal, moço, Você só levou um não . Lizandra Souza.  

Saia ou saia

da minha roupa curta ele reclamou meu desgosto ele não notou voltei no quarto uma saia menor   eu botei não fui mais vê-lo saímos livres   pela porta da cozinha minha saia e eu. Lizandra Souza.

Votos sinceros

Machista, Te   desejo com fome nu gritando sem nada numa ilha deserta distante bem longe de mim. Lizandra Souza.

TCHAU

ele, sempre sem consideração, o prazer não era mútuo acabou-se assim o tesão. ele,   egoísta,  implorou uma última tentativa de reconciliação, lhe dei o que merecia: uma lista com o alfabeto em letras maiúsculas, lá, talvez, ele encontrasse algum tesão. Lizandra Souza.

Quase encontro

naquele dia eu estava tão feliz sem doença  sem desculpa não fui porque não (te) quis. Lizandra Souza.

Tarefas de 10 mulher

desfazer descasar desprocriar deslavar despassar descozinhar deslimpar desaceitar dessexualizar desobjetificar desobedecer o que foi imposto pra mim Lizandra Souza.

Não, homem!

hoje já trabalhei tanto quanto você tô cansada, tô com sono não com fome se quiser faça seu mingau ou morra de fome. Lizandra Souza.

Cansei

não quero ser ''como uma moça'', nem sei quem é essa tal que sempre tu queres me impor, eu decido ser como sou livre de ser o teu querer.   Lizandra Souza.

Não haverá cagar no futuro do presente

de início era legal mas depois você me sufocou não bastava na privada na minha vida  regra você cagou cagou não caga(rá) mais.   Lizandra Souza.

Escolha óbvia

  Sem mais delongas, chegou a hora.  Ele, na sala, sôfrego, segurando as malas pesadas, berrou:  ''Ou o feminismo ou eu''.  Não pensei duas vezes.  O olhei com ares de pesar, lhe dei um forte abraço, apertei sua mão, sorri, acariciei seu rosto, peguei as malas pesadas de suas mãos e o acompanhei até a saída da casa. Lá, depois de devolvê-las, sussurrei:  ''Uma última ajudinha''. Lizandra Souza.