Pular para o conteúdo principal

LITERATURA FEMINISTA: CRÔNICAS, (MINI)CONTOS, POEMAS, RESENHAS E MAIS!

Setembro Amarelo: mês de prevenção ao suicídio!


"Setembro Amarelo" é o nome dado à campanha de prevenção ao suicídio! Setembro foi escolhido porque no dia 10 desse mês foi instituído o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. O objetivo da causa é alertar às pessoas a respeito da importância de se falar sobre suicídio, para, assim, combatê-lo, considerando que ele é um "mal silencioso", por ainda ser um tabu social.
Precisamos falar de suicídio. 
Precisamos falar também de depressão, pânico, ansiedade, bipolaridade e de transtornos psicológicos gerais que podem levar uma pessoa a se suicidar, entre outros fatores. 
Precisamos falar de tudo isso. Mas de forma empática e sensível, não com julgamentos moralistas e religiosos, os quais banalizam algo tão sério: o fato de uma pessoa não aguentar mais viver, não suportar mais estar viva e ter que se matar para findar a dor de existir. 
Legal esse discurso que diz "me procure para conversar quando precisar", mas quando a pessoa procura tem que ouvir que o que ela está sentindo é ''frescura'', ''falta de deus'', ''falta de trabalho/do que fazer'', ''falta de sexo'' etc, discursos que em nada ajudam pessoas depressivas, pelo contrário, só as colocam mais para baixo. Nem sempre só desabafar ajuda, muitas vezes o que ajuda é uma palavra amiga, de conforto, ajuda e força. 
Quantas de nós oferecemos ajuda real aquele amigo com depressão? Quantas de nós já dedicamos um pouco do nosso tempo para abraçar aquela amiga após ela chorar por seus traumas? Quantas de nós compreendemos as oscilações de temperamento daquele amigo com pânico, bipolaridade...? Quantas de nós aconselhamos aquela amiga a procurar ajuda profissional e a não sofrer calada e só? Quantas de nós acompanhamos ela? Seguramos sua mão de verdade em qualquer momento? 
Quantas de nós já não achamos que nossos amigos acharam frescura aquela crise de ansiedade que tivemos? Quantas de nós já nos envergonhamos quando riram de momentos de crises de pânico públicas que tivemos? Quantas de nós já nos sentimos inúteis quando o dia chega e a vontade de ficar na cama permanece não por ''pura preguiça'', mas por não sentir vontade de levantar e encarar nossa realidade? Não querer sair, não querer se relacionar, não conseguir comer, tomar banho, estudar... porque seu peito dói, seu corpo está cansado, sua mente bagunçada, sua respiração falha... e você não vê sentido em nada, pra que estudar, trabalhar, viver se você não consegue ser feliz, se dói existir? Se tudo que você queria era dormir e não acordar mais ou sonhar para sempre? Esquecer a ansiedade, o descontentamento, a sensação de apatia, o tédio e tristeza constantes, a fadiga, o desinteresse no fazer as coisas... 
Para muita gente "depressão é frescura", os "depressivos só quererem chamar atenção"... Sendo que, na verdade, chamar atenção é o que a pessoa menos quer em seu isolamento. Depois de tanto se isolar e se machucar, a saída que a pessoa encontra é o fim. O fim de uma vida que poderia até ter sido vivida e não foi porque a ela não foram dadas outras saídas. Saídas que existem e que a pessoa precisa enxergar. As vezes ela só precisa que mais alguém enxergue com ela ou quem sabe segure sua mão durante o caminho percorrido... a saída não precisa ser o fim, o melhor é que seja um recomeço!

Lembrando que...

Não adianta dizer não ao suicídio, participar de campanhas como "Setembro amarelo" e ser uma pessoa abusiva. 

Não adianta dizer não ao suicídio e discriminar as pessoas por questões de gênero, etnia, sexualidade, estética. 

Não adianta dizer não ao suicídio e demonizar pessoas com transtornos psicológicos. 

Não adianta dizer não ao suicídio e achar que depressão é frescura. Não adianta dizer não ao suicídio e achar que pânico é falta de Deus, fé, religião qualquer. 

Não adianta dizer não ao suicídio e achar que bipolaridade é "falta de sexo". 

Não adianta dizer não ao suicídio e viver colocando as pessoas ao seu redor para baixo. 

Não adianta dizer não ao suicídio e, por exemplo, indiretamente dar uma corda para alguém se enforcar.

Não esperem alguém próximo tirar a própria vida para resolverem falar sobre!



Lizandra Souza.

Comentários

Postar um comentário

Feminismo é a ideia radical de que mulheres são gente!

Postagens mais visitadas deste blog

"We Can Do It!": você conhece a origem de um dos grandes símbolos do movimento feminista?

We Can Do It! de J. Howard Miller, 1943. We Can Do It! (Nós podemos fazer isso!) é a legenda de uma das imagens mais conhecidas do movimento feminista. Foi bastante usada a partir do início dos anos 80 do século passado para divulgar o feminismo, desde então várias releituras foram sendo feitas da imagem da moça trabalhadora, usando um lenço na cabeça,  arregaçando as mangas, mostrando um musculoso bíceps e passando a ideia de que "sim, nós mulheres podemos fazer isso!" (sendo este "isso" as atividades tradicionalmente convencionadas aos homens*) ao mesmo tempo em que  se desconstrói a ideia machista de "mulher sexo frágil". Contudo, o que muitas pessoas não sabem é que a imagem foi criada algumas décadas antes, em 1943, e que não tinha nenhuma ligação com a divulgação do feminismo. We Can Do It! originalmente foi um cartaz idealizado para ser uma propaganda de guerra dos Estados Unidos, criada  por J. Howard Miller para a fábrica Westinghouse El

História do adultério: modelos de comportamentos sexistas com dupla moral

Belmiro de Almeida - Arrufos, 1887 A história do adultério é a história da duplicidade de um modelo de comportamento social machista, possuidor de uma moral dupla, segundo a qual os homens, desde quase todas as sociedades antigas, tinham suas ligações extraconjugais toleradas, vistas como pecados veniais, sendo assim suas esposas deveriam encará-las como "pecados livres", que mereciam perdão, pois não era o adultério masculino visto como um pecado muito grave (a não ser que a amante fosse uma mulher casada), enquanto as ligações-extraconjugais femininas estavam ligadas a pecados e a delitos graves que mereciam punições, pois elas não só manchavam a honra e reputação da mulher adúltera, mas também expunham ao ridículo e ao desprezível seu marido, o qual tinha a validação de sua honra e masculinidade postas em jogo. Esse padrão social duplo do adultério teve sua origem nas culturas camponesas "juntamente com a crença de que o homem era o provedor da família e era

10 comportamentos que tiram o valor de um homem

   Hoje em dia os homens (cis, héteros) andam muito desvalorizados. Isso faz com que muitos sofram amargamente nas suas vidas, sobretudo na vida amorosa.  Outro dia eu estava vendo uns vídeos de forró, funk, sertanejo e fiquei chocada com o comportamento vulgar dos rapazes. Agora deram pra ralar até o chão como um bando de putinhos a busca de serem comidos... e a gente, mulherada, já sabe que se o boy rala o pinto no chão é porque ele é um homem rodado, um mero bilau passado.    Antigamente, no tempo de nossas avós, o homem era valorizado pelo seu pudor virginal, não pela sua aparência. Homens eram um prêmio a ser alcançado pelas mulheres, eles tinham que ser conquistados, ganhados. Hoje em dia, muitos machos estão disponíveis para qualquer mulher num estalar de dedos. Escolhe-se um macho diferente a cada esquina. E a mídia ainda insiste em dizer que homem pode dar pra quantas ele quiser, fazendo os machos assimilarem uma ideia errada e vulgar que os levarão a serem infe

Hétero-cis-normatividade, o que é?

Nossa sociedade é hétero-cis-normativa. Isso significa que a heterossexualidade e cisgeneridade são compulsoriamente impostas. Não, não estou dizendo que vocês, heterossexuais-cis, são héteros-cis por compulsão. Quero dizer que há um sistema social que designa TODO MUNDO como sendo hétero-cis ANTES MESMO do nascimento e posteriormente tudo o que foge disso é considerado anormal, imoral e, em muitas sociedades, ilegal.  Antes mesmo de a pessoa nascer, desde o ultrassom, quando é identificado que ela tem pênis ou vagina, há imediatamente uma marcação sexual e de gênero: se tem vagina, vai ter que ser menina, se comportar como é concebido e estabelecido socialmente como "comportamento de menina'' e, por isso, vai ter que gostar de menino; se tem pênis, vai ter que ser um menino, se comportar como é concebido e estabelecido socialmente como "comportamento de menino'' e, por isso, vai ter que gostar de menina. E aí, quando a pessoa com vagina ou com pênis

Vamos falar de misandria?

 O que é misandria no feminismo?   É o ódio generalizado aos homens?   N Ã O.  A misandria geralmente é dicionarizada como sendo o ódio aos homens, sendo análoga a misoginia: ódio às mulheres. Esse registro é equivocado e legitima uma falsa simetria, pois não condiz com a realidade social sexista vivida por homens e mulheres. Não  existe uma opressão sociocultural e histórica institucionalizada que legitima a subordinação do sexo masculino, não existe a dominação-exploração estrutural dos homens pelas mulheres pelo simples fato de eles serem homens, todavia existe o patriarcado: sistema de dominação-exploração das mulheres pelos homens, que subordina o gênero feminino e legitima o ódio institucional contra o sexo feminino e tudo o que a ele é associado, como, por exemplo, a feminilidade. Um exemplo: no Nordeste é um elogio dizer para uma mulher que "ela é mais macho que muito homem", tem até letra de música famosa com essa expressão, contudo um homem ser chamado de