Interseccionalidade
no feminismo importa porque podemos ser todas mulheres e isso já nos traz algo
em comum.
Anatomia?
N Ã O!
Leitura anatômica é cisnormativa.
Nem toda mulher é cisgênero.
Me refiro ao lugar que todas nós ocupamos
na opressão de gênero: o lugar da subordinação-exploração.
Nós somos subordinadas.
Nós somos exploradas.
Nós somos inferiorizadas.
Nós somos o grupo oprimido em contraste
com o grupo opressor-dominante no sistema hierárquico de opressão, isto é, o
grupo que por ter o poder nas relações sociais de dominação-exploração de
gênero é privilegiado NESSE sistema: homens/cisgêneros*.
Diante disso, fica evidente que toda
mulher, independente da condição de gênero (cis ou trans), raça/etnia, sexualidade,
idade, peso, altura, classe social... SOFRE com o
machismo/misoginia/androcentrismo/falocentrismo vulgo Patriarcado. Em algumas
isso pode ficar mais evidente que com outras, mas independente dos
condicionamentos a que estamos expostas, todas nós, de uma forma ou de outra,
sofremos com essa porra.
Porém, e vai ter também contudo, todavia,
mas e entretanto, NEM toda mulher sofre com o sistema de dominação-exploração
étnico-racial vulgo racismo, nem toda mulher sofre com o sistema social
heteronormativo, o que provoca a ace/demi/bi/pan/lesbofobia, nem toda mulher
sofre com transfobia, nem toda mulher sofre com gordofobia, nem toda mulher
sofre com o capacitismo, nem toda mulher sofre com o elitismo, nem toda mulher
sofre todas as opressões (ainda bem! pelo menos isso! bom pra ela!), logo
UNIVERSALIZAR vivências e colocar "azamiga" no mesmo pacote de
vivência feat opressão é silenciador na medida em que não se estão reconhecendo
privilégios, sejam de raça, classe, orientação sexual...
Vale lembrar que historicamente o
movimento feminista tem privilegiado SOBRETUDO pautas de mulheres (cis)
brancas, heterossexuais e classe média/alta... mulheres negras, pobres, de
periferia, não-heterossexuais, trans, só vieram ganhar visibilidade, eu digo VI
SI BI LI DA DE, ou pautas ESPECÍFICAS a partir de fins dos anos 80 do século
passado (na verdade estou sendo bondosa, pois visibilidade mesmo só a partir de
90). O que havia antes era uma universalização da categoria mulher, colocando
toda mulher no mesmo pacote de vivências e opressão.
Fazer recorte de opressão não é promover
rivalidade entre as mulheres.
Fazer
recorte
de
opressão
não
é
promover
rivalidade
entre as mulheres.
E não é falta de sororidade!
É presença de sororidade!
*homens trans NÃO são mulheres, mas também
sofrem com a opressão de gênero, e com esta não me refiro só a transfobia, mas
também a misoginia (muitos preferem chamar de transmisoginia) e machismo. Por
isso especifiquei: homem/cis.
Lizandra Souza.
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Feminismo é a ideia radical de que mulheres são gente!