Pular para o conteúdo principal

LITERATURA FEMINISTA: CRÔNICAS, (MINI)CONTOS, POEMAS, RESENHAS E MAIS!

Fui bloqueada no Facebook porque pedi ajuda para uma mulher em situação de vulnerabilidade

É proibido ser militante feminista no Facebook. É proibido falar dos direitos das mulheres. É proibido pedir ajuda para mulheres em situação de vulnerabilidade. Pode-se acessar o Facebook e usá-lo para promover ódio a uma etnia, classe, gênero, sexualidade, mas militar virtualmente contra quem prega discurso de ódio institucional não pode, pois isso fere os padrões da comunidade. Pelo menos foi isso que definitivamente concluí ao ser mais uma vez bloqueada injustamente no Facebook somente porque pedi em um post na página Diários de uma feminista ajuda para uma mulher que está desempregada e passando por sérias dificuldades. Na postagem, eu transcrevi o relato da moça e seu pedido de ajuda, para que alguém se soubesse de alguma vaga de trabalho a contatasse ou a contratasse. Jamais passou pela minha cabeça que um post tão simples pudesse ferir os padrões da comunidade e que resultaria em um bloqueio de 30 dias. 
Já fui bloqueada por fazer postagens anti-machismo, anti-racismo, anti-LGBTfobia, desde o início dos constantes bloqueios eu desconfiei que a equipe de análise de denúncias do Facebook não bloqueia usuários e remove posts por conteúdo, mas por quantidade de denúncias, hoje não tenho dúvidas. 
Em menos de dois meses o Facebook bloqueou por trinta dias minhas duas contas principais, me impossibilitando de fazer publicações, comentários e de responder mensagens porque supostamente o que eu posto na página fere os padrões da comunidade. A equipe me avisou que se eu continuar ferindo os padrões, a Diários de uma feminista será EXCLUÍDA. Não vou excluir a página, então deixarei que façam isso... pois eu definitivamente não vou deixar de falar de feminismo. No mais, tenho o blogue e em breve criarei uma conta no Youtube, vai ser difícil me calarem!
Sobres os dois bloqueios... No primeiro caso, antes da conta Lizandra Souza (I) ser bloqueada há mais ou menos 25 dias, eu contatei o Facebook com dias de antecedência ao bloqueio para informar a equipe de um grupo de haters misóginos que vinha atacando a página, a mim e algumas das seguidoras que se manifestavam por comentários contra a babaquice deles. Enviei prints e links a respeito das atividades do grupo, os quais mostravam as ameaças a página e também posts e comentários misóginos, racistas e LGBTfóbicos que os membros faziam... a resposta do FB foi que "iam analisar". Menos de duas semanas depois essa minha conta foi BLOQUEADA sem nenhuma explicação, apenas disseram que um post havia sido removido da Diários de uma feminista, mas nem sequer mostraram que post foi. Tudo muito suspeito! Revoltada, contatei a equipe, falei diversas vezes com eles... por fim, me disseram que uma vez que fui bloqueada, não podiam fazer nada por mim. Eu avisei ao FB que tinha um grupo denunciando aleatoriamente minha página para ela ser removida e para eu ser bloqueada injustamente e o que acontece? ME BLOQUEIAM. 
Sobre o segundo bloqueio, hoje não consegui acessar minha segunda conta Lizandra Souza (II) pelo celular, quando acessei pelo PC, apareceu a notificação de que essa conta também foi bloqueada por 30 dias pois fiz um post que feriu os padrões da rede. Dessa vez mostraram o post que foi removido, justamente esse que comentei anteriormente, uma simples publicação que pedia AJUDA para uma mulher desempregada, com dívidas e precisando muito de ajuda. 

É absurdo, enquanto isso páginas que pregam pedofilia, racismo, xenofobia, gordofobia, misoginia, LGBTfobia... continuam agindo livremente no Facebook, mas a minha página merece notificação de que poderá ser removida se eu continuar fazendo posts assim? Posts pedindo ajuda para mulheres? Posts falando dos direitos das mulheres? Perco o perfil, a página, o caralho a4, mas não deixarei de falar de feminismo. Se for o caso, crio outra página, outra conta, até saio dessa comunidade de merda e me dedico ao ativismo virtual em outras plataformas, como a Blogger que oferece mais segurança aos seus usuários, mas não deixarei de escrever. 
Fiz um post na página para falar dessa situação para as seguidoras, muitas ao comentarem sua indignação com esse mecanismo de análise do FB falaram que várias vezes denunciaram páginas com discurso de ódio, mas que nunca tiveram retorno positivo em suas denúncias. Diante disso, nós podemos ver quais são realmente os critérios e ideologias da equipe FB Brasil ao bloquear ou remover perfis/páginas feministas.
  

Lizandra Souza.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Glossário de termos usados na militância feminista (atual)

Já participou daquele(s) debate(s) feminista(s) e vez ou outra leu/ouviu uma palavra ou expressão e não soube o significado? E cada vez mais, em debates, você passou a ler/ouvir aquela(s) palavra(s)? E o tempo foi passando e mais termos e expressões foram surgindo? E o pior, você pesquisou no Google o significado e não achou? E as palavras, muitas vezes, não existiam nos dicionários formais? Se você respondeu sim, em pelo menos duas perguntas, aconselho conferir o glossário virtual a seguir, no qual pretendo expor e explicar brevemente alguns dos termos e expressões mais usados no meio do ativismo, em especial o virtual. Além dos vários termos e expressões que são usados há décadas nos meios feministas, nós temos também muitos termos e expressões usados atualmente na militância feminista que são fenômenos advindos dos estudos contemporâneos de gênero, outros, ainda, são resultantes da própria necessidade de ressignificação que determinadas pa...

Vamos falar de misandria?

 O que é misandria no feminismo?   É o ódio generalizado aos homens?   N Ã O.  A misandria geralmente é dicionarizada como sendo o ódio aos homens, sendo análoga a misoginia: ódio às mulheres. Esse registro é equivocado e legitima uma falsa simetria, pois não condiz com a realidade social sexista vivida por homens e mulheres. Não  existe uma opressão sociocultural e histórica institucionalizada que legitima a subordinação do sexo masculino, não existe a dominação-exploração estrutural dos homens pelas mulheres pelo simples fato de eles serem homens, todavia existe o patriarcado: sistema de dominação-exploração das mulheres pelos homens, que subordina o gênero feminino e legitima o ódio institucional contra o sexo feminino e tudo o que a ele é associado, como, por exemplo, a feminilidade. Um exemplo: no Nordeste é um elogio dizer para uma mulher que "ela é mais macho que muito homem", tem até letra de música famosa com essa expressão, contudo...

Misoginia institucionalizada: a repulsa social pelo gênero feminino

Já imaginaram que louco seria se as pessoas sentissem nojo, repulsa e/ou desprezo contra assassinos, estupradores e espancadores de mulheres como têm nojo, repulsa e/ou desprezo por pelos no corpo da mulher, sangue de menstruação, mamilos femininos em evidência...??? A misoginia é o ódio institucionalizado contra a mulher. É institucionalizado porque há um aparato social normativo que constitui e regula práticas sociais de ódio e violência contra o gênero feminino e tudo o que a ele é relacionado. A sociedade é tão misógina que se indigna mais com uma mulher peluda que com o caso de uma mulher estuprada. Por que nossos pelos ofendem tanto? Por que nosso sangue, algo natural, ainda é tão estigmatizado? Por que simples mamilos causam um alvoroço? Por que estrias são motivos de zombaria? Por que não nos deixam (não) usar maquiagem em paz? Por que nos regulam e nos limitam em seus moldes machistas e misóginos? Para nos subordinar! Para nos ponderar! Para nos oprimir e manter...

História do adultério: modelos de comportamentos sexistas com dupla moral

Belmiro de Almeida - Arrufos, 1887 A história do adultério é a história da duplicidade de um modelo de comportamento social machista, possuidor de uma moral dupla, segundo a qual os homens, desde quase todas as sociedades antigas, tinham suas ligações extraconjugais toleradas, vistas como pecados veniais, sendo assim suas esposas deveriam encará-las como "pecados livres", que mereciam perdão, pois não era o adultério masculino visto como um pecado muito grave (a não ser que a amante fosse uma mulher casada), enquanto as ligações-extraconjugais femininas estavam ligadas a pecados e a delitos graves que mereciam punições, pois elas não só manchavam a honra e reputação da mulher adúltera, mas também expunham ao ridículo e ao desprezível seu marido, o qual tinha a validação de sua honra e masculinidade postas em jogo. Esse padrão social duplo do adultério teve sua origem nas culturas camponesas "juntamente com a crença de que o homem era o provedor da família e era ...

Pornografia de vingança é violência de gênero!

  Depois do fim de um relacionamento, o homem, inconformado, decide se vingar de sua ex-companheira, divulgando na internet fotos e vídeos íntimos dos dois, feitos em momentos de intimidade, quando eles ainda estavam juntos e o sentimento de paixão e confiança era recíproco. Tudo isso para desmoralizar a mulher, expô-la a julgamentos morais e marcá-la para o resto de sua vida, pois ele sabe que a sociedade é machista e misógina e que toda censura e culpa caíra sobre a mulher: a vítima. Afinal, ele é homem, homem pode transar, homem pode mostrar seu corpo, o genital do homem não é censurado e objetificado como propriedade feminina, o corpo do homem é livre, o da mulher não.   A sociedade pune cruelmente a mulher que confiou em seu ex-parceiro por ELE expô-la na internet e agredi-la - no mínimo moral e psicologicamente. E tudo isso porque ela, mulher, CONFIOU nele e aceitou fazer um vídeo ou foto do ato sexual deles ou, ainda, enviou para ele os famosos nudes... nudes...