Pular para o conteúdo principal

LITERATURA FEMINISTA: CRÔNICAS, (MINI)CONTOS, POEMAS, RESENHAS E MAIS!

Vamos falar de sororidade?


A sororidade, de forma genérica, é a solidariedade feminina. Contudo, ela não deve ser sempre compreendida, apenas, como um ato individual, de mulher para mulher, mas como um ato político de militância feminista. 
Conceber a sororidade como um ato político no Feminismo é compreendê-la como uma tática de militância contra a segmentação e rivalização que o patriarcado faz com as mulheres em sociedade, para que elas não fiquem unidas e, assim, não detenham algum poder que possa se contrapor a manutenção do sistema patriarcal. A sororidade política deve se propor, dessa forma, a unir as mulheres, para que unidas elas possam representar um obstáculo a manutenção do poder exercido pelos homens/cis no sistema de dominação-exploração de gênero.
Uma das práticas feministas de sororidade, por exemplo, consiste na luta contra a apologia e naturalização da rivalização feminina que a sociedade trata como algo "natural", o que na verdade é um comportamento naturalizado na medida em que nos ensinam desde cedo a sermos competidoras da atenção de homem, que somos "rivais por natureza", que somos "mais inimigas que amigas".
Outra prática é a que busca o empoderamento coletivo (não seletivo) das mulheres (cis e trans). A sororidade, ainda, pode se manifestar de diversas formas: no apoio, na amizade, companheirismo, conscientização, empatia pela dor da outra.
Cheguei a um ponto crucial no que se refere a sororidade: EMPATIA pela dor da outra mulher. Nós sofremos com a opressão de gênero, mas nós não temos as mesmas vivências e nem ocupamos os mesmos lugares na sociedade. Cada vivência pode envolver não só a opressão de gênero, mas também a opressão por sexualidade, a opressão por etnia, a opressão por classe social. Logo, reconhecer privilégios (por não sofrer com determinada opressão) é essencial para uma sororidade que não seja seletiva, silenciadora e apagadora de identidades oprimidas.
Ter empatia, reconhecer privilégios (de etnia, de sexualidade ou de classe social, entre outros) e abraçar as causas, mas sempre respeitando os lugares de fala, é vital para a(s) nossa(s) luta(s).

Pedir que uma mulher negra não aponte racismo na fala da "irmã" é silenciamento!


Lizandra Souza.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Vamos falar de misandria?

 O que é misandria no feminismo?   É o ódio generalizado aos homens?   N Ã O.  A misandria geralmente é dicionarizada como sendo o ódio aos homens, sendo análoga a misoginia: ódio às mulheres. Esse registro é equivocado e legitima uma falsa simetria, pois não condiz com a realidade social sexista vivida por homens e mulheres. Não  existe uma opressão sociocultural e histórica institucionalizada que legitima a subordinação do sexo masculino, não existe a dominação-exploração estrutural dos homens pelas mulheres pelo simples fato de eles serem homens, todavia existe o patriarcado: sistema de dominação-exploração das mulheres pelos homens, que subordina o gênero feminino e legitima o ódio institucional contra o sexo feminino e tudo o que a ele é associado, como, por exemplo, a feminilidade. Um exemplo: no Nordeste é um elogio dizer para uma mulher que "ela é mais macho que muito homem", tem até letra de música famosa com essa expressão, contudo...

15 frases que assexuais não aguentam mais ouvir

1. "Assexuais existem de verdade?" Óbvio que só existem de mentira, só quem tem o direito de existir são pessoas héteros/gays/lesbs/bis/pansexuais... pensar dessa forma não é nada acefóbico. 2. "Então você é assexual... mas nunca experimentou transar pra ver se muda?" E você, já experimentou ficar sem transar para ver se "vira" assexual? 3. "Mas se você já transou... como pode se dizer assexual?" Da mesma forma que pessoas héteros/gays/lesbs/bis/pansexuais virgens não deixam de ser o que são só porque ainda não transaram. Todo mundo que ainda não transou é assexual? Não. 4. "Deve ser muito triste ou chata a vida sem sexo..." Amiguinho, nem toda pessoa assexual não pratica sexo. Existem assexuais que, por exemplo, quando estão afetivamente ligados a uma pessoa, podem sentir desejo sexual por ela, como no caso das pessoas demisexuais. Agora, conte-me mais como é legal e feliz uma vida baseada no sexo compulsór...

20 coisas que homens/cis poderiam fazer em vez de exigir lugar de fala dentro do movimento feminista

Exigir protagonismo dentro de movimentos que lutam contra opressões que os beneficiam é um comportamento típico de pessoas pertencentes a lugares privilegiados nos sistemas de dominação-exploração vigentes. A sociedade dar mais visibilidade a voz do opressor, seja quando este está ou não em processo de desconstrução também é um fato recorrente. Branco falando sobre racismo é aplaudido, negro falando sobre racismo é chamado de vitimista; homem/cis falando sobre machismo é o fodão, mulher feminista falando sobre machismo “é falta de rola”, hétero falando sobre homofobia é o desconstruído, gay falando sobre homofobia "é frescura"... Justamente por isso é necessário que dentro dos movimentos as pessoas oprimidas tenham seus lugares de fala respeitados, visibilizados, pois se não tiverem voz e visibilidade nem dentro do movimento que luta contra a opressão que sofrem, onde mais elas terão? Eu costumo dizer que lugar de homens/cis no feminismo é fora. Sim: FO-RA. ...

Homens cis mais feministas que você, mulher

Como os machos faziam para passar vergonha antes da internet é uma pergunta que há muita nos instiga. Talvez nunca tenhamos respostas claras e precisas, contudo como eles fazem para passar vergonha na internet com closes errados, closes errantes, fica cada vez mais evidente. A new order dos machos é agora se intitularem feministas, dando a entender, sobretudo, que são líderes, réis, donos do feminismo a nível regional, nacional, internacional e intergaláctico. E tudo isso na busca insaciável por biscoitos e afagos em sua masculinidade. Abaixo podemos ver que tais omis em toda sua grandeza, macheza, sapiência, eloquência, sagacidade e MASCUlosidade esqueceram a noção só lhes restando o ridículo. Tais memes servirão também para justificar o porquê de tantas feministas militantes serem contra homens/cis se intitularem feministas. 1. Quem ou o que poderia ser mais feminista que Dado Dolabella? Esse belo cortador de banana, por exemplo.  ...

Mamilos femininos e censura patriarcal: uma questão de gênero

Mulheres criam biquíni com estampa de mamilos, como forma de protesto Não pretendo, com esse post, incentivar nem obrigar as mulheres a saírem por aí mostrando os mamilos como sinônimo de liberdade sexual/corporal, tão pouco aconselhá-las a deixarem de usar sutiã, pretendo, contudo, levantar questionamentos e reflexões sobre a censura dos mamilos polêmicos vulgo femininos e desnaturalizar alguns dos discursos que a legitimam.    Por que somente na mulher os mamilos são vistos como ''órgãos sexuais" e, por isso, devem ser censurados, enquanto os machos caminham livremente na rua com seus mamilos expostos? É porque os homens não conseguiriam se controlar caso fosse dado o mesmo direito ao uso do próprio corpo às mulheres? Ou seja, é porque o homem não consegue segurar o pau dentro da calça e respeitar o corpo alheio? É porque os mamilos das mulheres passam mensagens sexuais quando eriçam? Ora, mas um mamilo pode eriçar por qualquer coisa, involuntariamente, por ...