Pular para o conteúdo principal

LITERATURA FEMINISTA: CRÔNICAS, (MINI)CONTOS, POEMAS, RESENHAS E MAIS!

Aos reacionários: Família não é só aquela formada pela união entre homem e mulher


 Comissão que discute o Estatuto da Família na Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (24) o texto principal de um projeto de lei (PL) que define família como ''a união entre homem e mulher''. Logo, caso não seja modificado, tal texto/PL reacionário constitui um retrocesso para o país ao deslegitimar a diversidade de modelos de famílias em uma tentativa de "desumanização" de pessoas que fogem dessa héteronorma.
 É absurdo em um país supostamente laico e democrático haver tal proposta preconceituosa, discriminatória, intolerante que exclui, por exemplo, as famílias formadas por mulheres que são mães, mas que estão solteiras, por homens que são pais e que estão solteiros, as famílias em que as avós e os avós cuidam da/es/os netas/es/os, mas que não estão ao lado de alguém do gênero oposto, aos casais gays, aos casais lésbicos, aos casais bissexuais, pansexuais e assexuais (os quais podem estar em relacionamento com pessoas do mesmo gênero). E ainda, as pessoas, em geral, que são uma família e que NÃO se relacionam com ninguém. Ou seja, famílias formadas por pessoas que não têm vínculo afetivo (estilo marido e esposa, esposa e esposa, marido e marido...) também foram excluídas.
 Toda essa diversidade de famílias que citei (não citei nem metade) merece NÃO ter os mesmos direitos e "proteção legal" só porque seu núcleo não é formado por um casal hétero????????????? Aliás, cis-hétero, porque pra esses bostas pessoas trans são necessariamente gays (cis-gays).
 Segundo o deputado federal Evandro Gussi (PV-SP), eles (os deputados) que apoiam tal PL querem que ''todas as pessoas homossexuais tenham seus direitos garantidos, mas a Constituição disse que a família merece uma especial proteção, porque é base da sociedade". Ou seja, querem que os homossexuais (legal que pra essa reaçada só existe casal gay em relacionamento com pessoas do mesmo gênero) tenham seus direitos desde que não tenham. Essa é a família tradicional brasileira, a qual vai ser extinta só porque existem outros modelos de famílias. Próximo passo: substituir a Constituição pela Bíblia... Devolvamos o planeta Terra aos dinossauros e vazemos daqui, migas, por favorrrrrr.
Lizandra Souza.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Vamos falar de misandria?

 O que é misandria no feminismo?   É o ódio generalizado aos homens?   N Ã O.  A misandria geralmente é dicionarizada como sendo o ódio aos homens, sendo análoga a misoginia: ódio às mulheres. Esse registro é equivocado e legitima uma falsa simetria, pois não condiz com a realidade social sexista vivida por homens e mulheres. Não  existe uma opressão sociocultural e histórica institucionalizada que legitima a subordinação do sexo masculino, não existe a dominação-exploração estrutural dos homens pelas mulheres pelo simples fato de eles serem homens, todavia existe o patriarcado: sistema de dominação-exploração das mulheres pelos homens, que subordina o gênero feminino e legitima o ódio institucional contra o sexo feminino e tudo o que a ele é associado, como, por exemplo, a feminilidade. Um exemplo: no Nordeste é um elogio dizer para uma mulher que "ela é mais macho que muito homem", tem até letra de música famosa com essa expressão, contudo...

História do adultério: modelos de comportamentos sexistas com dupla moral

Belmiro de Almeida - Arrufos, 1887 A história do adultério é a história da duplicidade de um modelo de comportamento social machista, possuidor de uma moral dupla, segundo a qual os homens, desde quase todas as sociedades antigas, tinham suas ligações extraconjugais toleradas, vistas como pecados veniais, sendo assim suas esposas deveriam encará-las como "pecados livres", que mereciam perdão, pois não era o adultério masculino visto como um pecado muito grave (a não ser que a amante fosse uma mulher casada), enquanto as ligações-extraconjugais femininas estavam ligadas a pecados e a delitos graves que mereciam punições, pois elas não só manchavam a honra e reputação da mulher adúltera, mas também expunham ao ridículo e ao desprezível seu marido, o qual tinha a validação de sua honra e masculinidade postas em jogo. Esse padrão social duplo do adultério teve sua origem nas culturas camponesas "juntamente com a crença de que o homem era o provedor da família e era ...

Hétero-cis-normatividade, o que é?

Nossa sociedade é hétero-cis-normativa. Isso significa que a heterossexualidade e cisgeneridade são compulsoriamente impostas. Não, não estou dizendo que vocês, heterossexuais-cis, são héteros-cis por compulsão. Quero dizer que há um sistema social que designa TODO MUNDO como sendo hétero-cis ANTES MESMO do nascimento e posteriormente tudo o que foge disso é considerado anormal, imoral e, em muitas sociedades, ilegal.  Antes mesmo de a pessoa nascer, desde o ultrassom, quando é identificado que ela tem pênis ou vagina, há imediatamente uma marcação sexual e de gênero: se tem vagina, vai ter que ser menina, se comportar como é concebido e estabelecido socialmente como "comportamento de menina'' e, por isso, vai ter que gostar de menino; se tem pênis, vai ter que ser um menino, se comportar como é concebido e estabelecido socialmente como "comportamento de menino'' e, por isso, vai ter que gostar de menina. E aí, quando a pessoa com vagina ou com pênis...

"We Can Do It!": você conhece a origem de um dos grandes símbolos do movimento feminista?

We Can Do It! de J. Howard Miller, 1943. We Can Do It! (Nós podemos fazer isso!) é a legenda de uma das imagens mais conhecidas do movimento feminista. Foi bastante usada a partir do início dos anos 80 do século passado para divulgar o feminismo, desde então várias releituras foram sendo feitas da imagem da moça trabalhadora, usando um lenço na cabeça,  arregaçando as mangas, mostrando um musculoso bíceps e passando a ideia de que "sim, nós mulheres podemos fazer isso!" (sendo este "isso" as atividades tradicionalmente convencionadas aos homens*) ao mesmo tempo em que  se desconstrói a ideia machista de "mulher sexo frágil". Contudo, o que muitas pessoas não sabem é que a imagem foi criada algumas décadas antes, em 1943, e que não tinha nenhuma ligação com a divulgação do feminismo. We Can Do It! originalmente foi um cartaz idealizado para ser uma propaganda de guerra dos Estados Unidos, criada  por J. Howard Miller para a fábrica Westinghouse El...

Falocentrismo, misoginia e a ditadura da beleza íntima: normatividades que fazem com que mulheres se odeiem cada vez mais

Beijinho só para quem não agride a ppk. Já pararam para pensar sobre o porquê de tantas mulheres passarem por procedimentos desagradáveis, cruéis e até mesmo perigosos  para se enquadrarem em determinados padrões ou estereótipos de beleza que, em geral, acreditam ser para o próprio bem-estar ou "gosto pessoal" mas que, na verdade, mascaram um gosto assimilado por uma cultura misógina e falocêntrica?  Falocentrismo é o culto ao falo, é a ideia machista de que o pênis é o centro do universo e tudo gira ao redor dele. Culturalmente, a figura masculina cisgênera representa o sujeito do falo, sujeito esse super-estimado socialmente. Aliado ao machismo, o falocentrismo é tão destrutivo que sustenta práticas culturais misóginas que fazem as mulheres odiarem o próprio corpo, até mesmo a própria genitália, pois há um padrão que essa deve seguir, padrão esse criado para o gosto masculino e reproduzido, sobretudo, pela indústria pornográfica: a ideia de uma vagin...