Pular para o conteúdo principal

LITERATURA FEMINISTA: CRÔNICAS, (MINI)CONTOS, POEMAS, RESENHAS E MAIS!

Não são as feministas que são feias e mal-amadas, você que é um macho frustrado



Os machistas nunca têm argumentos bem fundamentados para refutarem o feminismo, a prova disso é que sempre apelam para a estética ou moral das mulheres feministas as chamando de "gordas", "feias", "peludas", alegando que elas têm "cabelo ruim", que são "mal-amadas", "vadias", pois não conseguem refutar a nível discursivo as feministas com as quais discutem, dessa forma, eles enquanto seres majestosos e sapientes que são (só que não), recorrem, em geral, para a discriminação estética ou moral, numa tentativa de diminuir a opinião da mulher ao inferiorizar seu corpo, sua cor, seu cabelo, entre outros aspectos físicos, assim como suas relações pessoais com as outras pessoas, ao afirmarem que feministas são ''mal-amadas", "mal-comidas", "mulheres com falta de rola", "mulheres que não transam" ou "putas", o que é uma contradição evidente, pois ou você é uma puta (na singela opinião deles puta é a mulher que transa) ou ''lhe falta rola ou sexo'', porque os dois não dá.
O que me deixa perplexa não é essa atitude imatura deles, mas a hipocrisia ou "cegueira" dos mesmos que não se olham no espelho antes de atirarem pedras nas mulheres e diminuírem suas estéticas. Será mesmo que eles se acham o padrão de beleza com seus pintos tortos, pequenos e murchos, cabelos estilo Zeca Urubu, monocelhas e estética corporal de cuscuzeira...? Vejam bem, não tem problema nenhum no homem não ser padrão de beleza, sua genitália não ser considerada perfeita, seu desempenho sexual não ser dos melhores, ele não tem culpa e ninguém é perfeito, mas ele não ser o ideal de beleza e mesmo assim se achar no direito de humilhar mulheres somente por serem feministas é um erro rude, uma vergonha não parcelada, mas paga à vista. E se ele for "padrãozinho" também não tem moral para proferir tais discursos, continua sendo estupidez da mesma forma, pois apelar em discussões para a estética de seus interlocutores é, no mínimo, sinal de que você não tem argumento, não tem opinião fundamentada e válida, independentemente de você se achar o "roludo do rolê" com sua aparência física.
O ódio contra as feministas é a demonstração do ódio institucional contra as mulheres, em especial contra as mulheres que lutam por mulheres. Discriminar mulheres porque elas são ativistas pelos direitos das mulheres é uma expressão direta da misoginia. Feministas não são feias, esse é um "argumento" que pode ser facilmente refutado se considerarmos que nós somos lindas e maravilhosas, manas, independente do padrão estético e que, ainda, existem mulheres que são feministas (ou que apoiam o feminismo) e são pertencentes ao padrão de beleza social atual, isto é, mulheres que são consideradas bonitas pela mídia e sociedade, tais como Beyoncé, Emma Watson, Jennifer Lawrence, Charlize Theron, entre tantas outras beldades.
Mulheres são feministas por várias razões, não porque se acham feias. O feminismo existe, inclusive, para empoderar a mulher em relação a sua estética, para quebrar padrões de feminilidade impostos, para fazer com que a mulher se sinta bem em ser quem ela é, para que ela ache bonito o que está nas revistas, mas também o que está fora delas que, em geral, são as mulheres gordas, trans, negras, com deficiência, pois todas as mulheres são bonitas, cada uma ao seu modo. Se a mulher está bem com si mesma, sendo magra ou gorda, padrão ou não-padrão, é o que importa. O que importa é o seu bem-estar, é a sua autoestima alta, não o que a sociedade espera dela, até porque, convenhamos, a sociedade nunca está satisfeita, sempre quer mais e mais da mulher, pois o ideal de beleza, como o próprio nome sugere, é inalcançável.
Não são as feministas que são feias e mal-amadas, os machos que alegam isso é que são frustrados... Frustrados porque reconhecem, quando a mulher se impõe como sujeito de voz e de opinião própria, que não podem impor seu falocentrismo ou androcentrismo na vida dela.
A dominação masculina, dessa forma, também se manifesta a nível simbólico e discursivo, não só físico e social. Quando um homem se sente frustrado porque a opinião machista dele não é mais aceita pelas mulheres e por isso ele apela para a discriminação estética é porque lhe faltam argumentos e lhe sobra falta de noção do ridículo, é porque ele se sente impotente e vê cair no ralo o tão famigerado poder do macho.
Pobre macho.
E morreu.
Lizandra Souza.

Comentários

  1. bem,li o texto e achei legal,mas até hoje eu fico em saber se todo homem é machista. Hoje não sei definir o termo machista, por tantas vertentes que há , e no fundo nós homens acabamos ficando sem saber o que fazer pra mudar

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Feminismo é a ideia radical de que mulheres são gente!

Postagens mais visitadas deste blog

10 comportamentos que tiram o valor de um homem

   Hoje em dia os homens (cis, héteros) andam muito desvalorizados. Isso faz com que muitos sofram amargamente nas suas vidas, sobretudo na vida amorosa.  Outro dia eu estava vendo uns vídeos de forró, funk, sertanejo e fiquei chocada com o comportamento vulgar dos rapazes. Agora deram pra ralar até o chão como um bando de putinhos a busca de serem comidos... e a gente, mulherada, já sabe que se o boy rala o pinto no chão é porque ele é um homem rodado, um mero bilau passado.    Antigamente, no tempo de nossas avós, o homem era valorizado pelo seu pudor virginal, não pela sua aparência. Homens eram um prêmio a ser alcançado pelas mulheres, eles tinham que ser conquistados, ganhados. Hoje em dia, muitos machos estão disponíveis para qualquer mulher num estalar de dedos. Escolhe-se um macho diferente a cada esquina. E a mídia ainda insiste em dizer que homem pode dar pra quantas ele quiser, fazendo os machos assimilarem uma ideia errada e vulgar que os levarão a serem infe

História do adultério: modelos de comportamentos sexistas com dupla moral

Belmiro de Almeida - Arrufos, 1887 A história do adultério é a história da duplicidade de um modelo de comportamento social machista, possuidor de uma moral dupla, segundo a qual os homens, desde quase todas as sociedades antigas, tinham suas ligações extraconjugais toleradas, vistas como pecados veniais, sendo assim suas esposas deveriam encará-las como "pecados livres", que mereciam perdão, pois não era o adultério masculino visto como um pecado muito grave (a não ser que a amante fosse uma mulher casada), enquanto as ligações-extraconjugais femininas estavam ligadas a pecados e a delitos graves que mereciam punições, pois elas não só manchavam a honra e reputação da mulher adúltera, mas também expunham ao ridículo e ao desprezível seu marido, o qual tinha a validação de sua honra e masculinidade postas em jogo. Esse padrão social duplo do adultério teve sua origem nas culturas camponesas "juntamente com a crença de que o homem era o provedor da família e era

O super-piroca

Era uma vez um homem que se gabava muito de sua piroca. Era a piroca isso, a piroca aquilo. Se não chovia no Nordeste, era falta de piroca no clima. Se o pão queimava, era falta de piroca no padeiro. Se as enchentes invadiam alguma cidade, era falta de piroca no saneamento... Se as as mulheres iam às ruas lutar por direitos... aí sim que era falta de piroca mesmo. Para Piroconildo somente uma coisa poderia resolver as dificuldades das pessoas: uma piroca. Ou várias. Mas não para por aí. As coisas que ele achava como sendo boas também estavam relacionadas à piroca, à presença dela... Seu primeiro emprego, resultado de sua piroca. Sua cura de uma doença rara, sua piroca e a piroca do médico... Se seu time de futebol ganhasse um jogo, fora por causa da piroca. Seu sobrinho passou no vestibular por causa da piroca. Sua tia ganhou na loteria, por causa da intuição da piroca do marido. Certo dia, numa rua qualquer, Piroconildo encontrou uma lâmpada mágica, quando ele passou a

Glossário de termos usados na militância feminista (atual)

Já participou daquele(s) debate(s) feminista(s) e vez ou outra leu/ouviu uma palavra ou expressão e não soube o significado? E cada vez mais, em debates, você passou a ler/ouvir aquela(s) palavra(s)? E o tempo foi passando e mais termos e expressões foram surgindo? E o pior, você pesquisou no Google o significado e não achou? E as palavras, muitas vezes, não existiam nos dicionários formais? Se você respondeu sim, em pelo menos duas perguntas, aconselho conferir o glossário virtual a seguir, no qual pretendo expor e explicar brevemente alguns dos termos e expressões mais usados no meio do ativismo, em especial o virtual. Além dos vários termos e expressões que são usados há décadas nos meios feministas, nós temos também muitos termos e expressões usados atualmente na militância feminista que são fenômenos advindos dos estudos contemporâneos de gênero, outros, ainda, são resultantes da própria necessidade de ressignificação que determinadas palavras sofreram para terem determi

"We Can Do It!": você conhece a origem de um dos grandes símbolos do movimento feminista?

We Can Do It! de J. Howard Miller, 1943. We Can Do It! (Nós podemos fazer isso!) é a legenda de uma das imagens mais conhecidas do movimento feminista. Foi bastante usada a partir do início dos anos 80 do século passado para divulgar o feminismo, desde então várias releituras foram sendo feitas da imagem da moça trabalhadora, usando um lenço na cabeça,  arregaçando as mangas, mostrando um musculoso bíceps e passando a ideia de que "sim, nós mulheres podemos fazer isso!" (sendo este "isso" as atividades tradicionalmente convencionadas aos homens*) ao mesmo tempo em que  se desconstrói a ideia machista de "mulher sexo frágil". Contudo, o que muitas pessoas não sabem é que a imagem foi criada algumas décadas antes, em 1943, e que não tinha nenhuma ligação com a divulgação do feminismo. We Can Do It! originalmente foi um cartaz idealizado para ser uma propaganda de guerra dos Estados Unidos, criada  por J. Howard Miller para a fábrica Westinghouse El