Pular para o conteúdo principal

LITERATURA FEMINISTA: CRÔNICAS, (MINI)CONTOS, POEMAS, RESENHAS E MAIS!

Movimento que pede fim dos "privilégios" para pessoas com deficiência já pode encontrar a noção, pois o ridículo já tem

Outdoor promovido pelo Movimento Pela Reforma dos Direitos

Dos criadores de "eu não tenho culpa de ter nascido branco", "eu não tenho culpa de ter nascido hétero", "eu não tenho culpa de ter nascido homem/cis", a nova onda é "eu não tenho culpa de não ter nenhuma deficiência", novo lema de um grupo anônimo de, provavelmente, direita reacionária (pleonasmo!) que pede fim dos direitos básicos das pessoas com deficiência.

Sempre que minorias políticas conquistam direitos, antes privilégios da maioria política, elas são acusadas de terem privilégios (que grupos hegemônicos sempre tiveram).
População ALGBT+ conquistando direitos = ''privilégios''.
População negra conquistando direitos = ''privilégios''.
População feminina conquistando direitos = ''privilégios''.
Com as pessoas com deficiência, minorias políticas, estigmatizadas socialmente, também não foi/é diferente.
Um outdoor, promovido por um movimento reacionário e capacitista que pede o fim dos DIREITOS das pessoas com deficiência, Movimento pela Reforma dos Direitos, colocado na Rua Santa Cecília, no bairro Vista Alegre, em Curitiba, mostra que se por um lado os mentores disso precisam encontrar a noção, pois o ridículo já têm, por outro também.
O movimento capacitista em questão possui uma página no facebook, e até ao final da escrita deste post tinha cerca de 200 seguidores. As principais pautas do movimento é negar as pessoas com deficiência direitos básicos os quais lhe possibilitam mais acessibilidade a uma vida social mais justa, tais como "Redução em 50% das vagas exclusivas pra deficientes; fim das cotas para deficientes em empresas; redução em 50% de filas e assentos exclusivos para deficientes; fim da isenção de impostos na compra de carro zero; fim das cotas em concurso público e fim à gratuidade para deficientes.".


Capacitismo consiste, resumidamente, em atitudes preconceituosas, discriminatórias e opressivas decorrentes da noção de que pessoas com deficiência são inferiores/menos humanas que às pessoas que não possuem deficiência. Dizer que os direitos que as pessoas com deficiência possuem são ''privilégios'', e desejar, portanto, retirá-los, é negar a possibilidade de acesso a uma vida social mais justa a essas pessoas. Logo, é uma forma de desumanizá-las.

Capacitismo é crime de ódio!!!

PS: Pós-publicação. No dia seguinte a escrita deste texto, foram divulgadas notícias informando que o referido movimento é falso e,  na verdade, faz parte de uma campanha promovida pela prefeitura de Curitiba, para levantar discussões a respeito dos direitos das pessoas com deficiência, os quais são desrespeitados inúmeras vezes no dia a dia, e também as dificuldades que essas pessoas enfrentam. 

Lizandra Souza.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

10 comportamentos que tiram o valor de um homem

   Hoje em dia os homens (cis, héteros) andam muito desvalorizados. Isso faz com que muitos sofram amargamente nas suas vidas, sobretudo na vida amorosa.  Outro dia eu estava vendo uns vídeos de forró, funk, sertanejo e fiquei chocada com o comportamento vulgar dos rapazes. Agora deram pra ralar até o chão como um bando de putinhos a busca de serem comidos... e a gente, mulherada, já sabe que se o boy rala o pinto no chão é porque ele é um homem rodado, um mero bilau passado.    Antigamente, no tempo de nossas avós, o homem era valorizado pelo seu pudor virginal, não pela sua aparência. Homens eram um prêmio a ser alcançado pelas mulheres, eles tinham que ser conquistados, ganhados. Hoje em dia, muitos machos estão disponíveis para qualquer mulher num estalar de dedos. Escolhe-se um macho diferente a cada esquina. E a mídia ainda insiste em dizer que homem pode dar pra quantas ele quiser, fazendo os machos assimilarem uma ideia errada e vulgar que os levarão a serem infe

História do adultério: modelos de comportamentos sexistas com dupla moral

Belmiro de Almeida - Arrufos, 1887 A história do adultério é a história da duplicidade de um modelo de comportamento social machista, possuidor de uma moral dupla, segundo a qual os homens, desde quase todas as sociedades antigas, tinham suas ligações extraconjugais toleradas, vistas como pecados veniais, sendo assim suas esposas deveriam encará-las como "pecados livres", que mereciam perdão, pois não era o adultério masculino visto como um pecado muito grave (a não ser que a amante fosse uma mulher casada), enquanto as ligações-extraconjugais femininas estavam ligadas a pecados e a delitos graves que mereciam punições, pois elas não só manchavam a honra e reputação da mulher adúltera, mas também expunham ao ridículo e ao desprezível seu marido, o qual tinha a validação de sua honra e masculinidade postas em jogo. Esse padrão social duplo do adultério teve sua origem nas culturas camponesas "juntamente com a crença de que o homem era o provedor da família e era

O super-piroca

Era uma vez um homem que se gabava muito de sua piroca. Era a piroca isso, a piroca aquilo. Se não chovia no Nordeste, era falta de piroca no clima. Se o pão queimava, era falta de piroca no padeiro. Se as enchentes invadiam alguma cidade, era falta de piroca no saneamento... Se as as mulheres iam às ruas lutar por direitos... aí sim que era falta de piroca mesmo. Para Piroconildo somente uma coisa poderia resolver as dificuldades das pessoas: uma piroca. Ou várias. Mas não para por aí. As coisas que ele achava como sendo boas também estavam relacionadas à piroca, à presença dela... Seu primeiro emprego, resultado de sua piroca. Sua cura de uma doença rara, sua piroca e a piroca do médico... Se seu time de futebol ganhasse um jogo, fora por causa da piroca. Seu sobrinho passou no vestibular por causa da piroca. Sua tia ganhou na loteria, por causa da intuição da piroca do marido. Certo dia, numa rua qualquer, Piroconildo encontrou uma lâmpada mágica, quando ele passou a

Glossário de termos usados na militância feminista (atual)

Já participou daquele(s) debate(s) feminista(s) e vez ou outra leu/ouviu uma palavra ou expressão e não soube o significado? E cada vez mais, em debates, você passou a ler/ouvir aquela(s) palavra(s)? E o tempo foi passando e mais termos e expressões foram surgindo? E o pior, você pesquisou no Google o significado e não achou? E as palavras, muitas vezes, não existiam nos dicionários formais? Se você respondeu sim, em pelo menos duas perguntas, aconselho conferir o glossário virtual a seguir, no qual pretendo expor e explicar brevemente alguns dos termos e expressões mais usados no meio do ativismo, em especial o virtual. Além dos vários termos e expressões que são usados há décadas nos meios feministas, nós temos também muitos termos e expressões usados atualmente na militância feminista que são fenômenos advindos dos estudos contemporâneos de gênero, outros, ainda, são resultantes da própria necessidade de ressignificação que determinadas palavras sofreram para terem determi

"We Can Do It!": você conhece a origem de um dos grandes símbolos do movimento feminista?

We Can Do It! de J. Howard Miller, 1943. We Can Do It! (Nós podemos fazer isso!) é a legenda de uma das imagens mais conhecidas do movimento feminista. Foi bastante usada a partir do início dos anos 80 do século passado para divulgar o feminismo, desde então várias releituras foram sendo feitas da imagem da moça trabalhadora, usando um lenço na cabeça,  arregaçando as mangas, mostrando um musculoso bíceps e passando a ideia de que "sim, nós mulheres podemos fazer isso!" (sendo este "isso" as atividades tradicionalmente convencionadas aos homens*) ao mesmo tempo em que  se desconstrói a ideia machista de "mulher sexo frágil". Contudo, o que muitas pessoas não sabem é que a imagem foi criada algumas décadas antes, em 1943, e que não tinha nenhuma ligação com a divulgação do feminismo. We Can Do It! originalmente foi um cartaz idealizado para ser uma propaganda de guerra dos Estados Unidos, criada  por J. Howard Miller para a fábrica Westinghouse El